LINHA DE PESQUISA:
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE
Partindo dos desafios, dilemas, demandas, oportunidades e fenômenos vinculados ao trabalho, às organizações e à administração pública, esta linha de pesquisa fomenta estudos relacionados às dimensões individuais, interpessoais, organizacionais e/ou sociais dos processos de inovação, inclusão, formação e desenvolvimento humano, e sustentabilidade, a fim de contribuir para uma gestão pública mais inclusiva, humanizada, social e ambientalmente responsável.
Adotando perspectivas teórico-metodológicas plurais – críticas, decoloniais, interpretativistas, inter e multidisciplinares, tecnologias sociais participativas, análises quanti e/ou qualitativas, teoria ator-rede e sínteses de pesquisa, entre outras –, investiga temas relacionados à administração pública, dentre os quais destacam-se: políticas, gestão e governança públicas; melhoria de processos no contexto da nova gestão pública; transparência e controle social; tecnologias sociais; empreendedorismo (inclusive social e ambiental); desenvolvimento regional; inovação na gestão pública; comportamento humano e gestão de pessoas humanizada; comunicação não violenta; diversidade e inclusão nas organizações; desenvolvimento humano e social, de competências socioemocionais, de gestão de vida e de carreira; saúde, qualidade de vida e trabalho, sustentabilidade e transformação social e ambiental.
Ao integrar produções acadêmicas resultantes da pesquisa da pós-graduação e da graduação, bem como atividades de ensino e extensão, esta linha visa não apenas a geração de conhecimento científico e tecnológico, mas também a promoção de inovações e transformações no campo da gestão pública.
Professores e projetos da linha:
ALEXANDRA CLEOPATRE TSALLIS
Laboratório afeTAR
O Laboratório afeTAR é um projeto desenvolvido na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) refere-se a um modo singular de fazer pesquisa, inspirado na Teoria Ator-Rede (TAR), tal como proposta por Latour (1994, 2001, 2012) juntamente com os desdobramentos feitos no Brasil. O objetivo do laboratório afeTAR é concentrar pesquisas-intervenção que ajudem a desenvolver tecnologias sociais construídas coletivamente com o campo de trabalho no qual atuamos que permitam que a produção de conhecimento em ciência responda aos impasses sociais colocados no cenário contemporâneo.
Rede de dispositivos de Regeneração Social
O projeto Dispositivos de Regeneração Social (DRS) é inspirado, principalmente, nas proposições teórico-metodológicas que vêm sendo trabalhadas no Laboratório afeTAR do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Os DRS consistem na produção de rede a partir da implementação de grupos que são acompanhados por uma equipe treinada para fomentar vínculos que atuem no cultivo de práticas de regeneração social. Entendemos a regeneração como capacidade dos organismos vivos de se renovarem frente aos desafios, revitalizando suas próprias fontes de energia e recursos. Para tal fim desenvolvemos tecnologias sociais baseadas em pesquisas-intervenção, inspiradas pela Teoria ator-rede (TAR), tal como proposta por Bruno Latour e seus colaboradores, e articuladas à experiência de afetação discutida por Jeanne Favret-Saada. O Laboratório afeTAR é constituído por pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação envolvidos em diversos projetos que têm em comum o compromisso com fomentar a formação de profissionais engajados social e politicamente no processo científico, pensando as questões concernentes ao fazer da psicologia em suas interfaces com outros saberes. É movido por um modo singular de fazer pesquisa, buscando conciliar a dimensão do ensino, pesquisa e extensão. Embora, essas dimensões possam ser tratadas de modo distinto, encontram-se intimamente articuladas nos DRS. Em síntese, nesse projeto seguiremos implementando, ofertando e investigando o desenrolar das ações voltadas à comunidade fluminense durante o período de pandemia pelo coronavírus, bem como nos momentos subsequentes. Optamos por trabalhar, prioritariamente, em grupo, por entender que juntar pessoas permite fortalecê-las em seus processos de engajamento sócio-político, abrindo espaço para que a diversidade de experiências vividas pelos integrantes possam colaborar entre si. Por outro lado, propor um trabalho em grupo tem relação direta com o fato dessa modalidade, por si só, operar como DRS. Portanto, essa escolha deve ser entendida no sentido de uma escolha política, o que significa tomar o grupo como uma ferramenta que, paradoxalmente, coletiviza e singulariza a experiência.
ANDRE RIBEIRO DE OLIVEIRA
Laboratório de Gestão da Inovação e Empreendedorismo (LAGIE)
A discussão da gestão da inovação e empreendedorismo vem ganhando relevância ao longo dos anos. No nível global, Estados Unidos e China são considerados os países que mais investem em inovação e, por isso, acabam impactando a agenda da inovação dos demais países parceiros comerciais. Na Europa, os países pertencentes à União Europeia têm como meta aumentar os investimentos em inovação, mas poucos deles apresentam investimentos próximos ao patamar desejado, que é de 3 do PIB (EUROSTAT, 2019). Estudos realizados pela Booz Allen Hamilton chamam atenção para a ausência de correlação entre níveis de financiamento de inovação e o desempenho corporativo (Booz Allen Hamilton, 2006). A necessidade da inovação como condição para obtenção de sucesso competitivo, os crescentes movimentos por maiores investimentos em inovação e a necessidade de se obter melhores resultados com o investimento realizado são elementos que fazem com que a discussão de gestão da inovação e empreendedorismo nas organizações torne-se fundamental. O processo de inovação, embora conhecido, possui tempos longos e resultados raramente conhecidos (principalmente nas fases iniciais de geração de ideias e pesquisa). Alguns recursos exigidos por esse processo, como criatividade, conhecimento, técnicas, são pouco controláveis, o que dificulta a alocação de fundos para o seu desenvolvimento. Essas são algumas das particularidades que torna a gestão da inovação e empreendedorismo uma questão fundamental a ser tratada no âmbito da proposta de criação deste laboratório, denominado de LAGIE Laboratório de Gestão da Inovação e Empreendedorismo.
O ofício do empreendedor em uma perspectiva de processos (PROCIÊNCIA 2022)
O empreendedorismo é um tema que vem sendo abordado desde a constituição dos primeiros modelos de formação executiva baseados nos Master of Business Administration (MBAs) americanos na primeira metade do século XX, e constitui como área de conhecimento voltada, em linhas gerais, para o estudo dos processos e comportamentos de indivíduos empreendedores que identificam oportunidades e criam mecanismos para viabilização de modelos de negócios lucrativos, sendo assim base para o processo de inovação empresarial. O comportamento empreendedor, constituído pelo comportamento de um indivíduo ou um coletivo de indivíduos, tendo como pano de fundo o desenvolvimento de pequenos e grandes empreendimentos, levam ao tema central desta pesquisa: o empreendedorismo e o processo empreendedor. Tendo em vista as diferentes abordagens do processo empreendedor e como ele se observa na prática, este projeto se debruça na ideia de como o processo empreendedor é observado nos indivíduos que atuam autonomamente ou dentro de organizações. Assim, este projeto tem como objetivo mapear o processo de trabalho dos empreendedores, observando especificamente como tal processo se balanceia e se alterna entre características causais e efetuais, dentro dos principais constructos existentes na ação empreendedora. Este projeto visa, pois, identificar em campo como, de fato, os empreendedores se comportam, como se posicionam frente a oportunidades e ameaças, e como tomam decisões e como agem.
Gestão da Inovação (Projeto MAIDAI)
Pesquisar, analisar e criticar os conceitos, os elementos e os fatores que influenciam nas ações de empreendedores tecnológicos que conduzem à inovações tecnológicas, bem como os modelos de gestão da inovação, que desenvolvam as regiões e modificam o paradigma da sociedade.
BRANCA REGINA CANTISANO DOS SANTOS E SILVA
Um estudo sobre a internacionalização de empresas spin-offs acadêmicas de universidades empreendedoras, no âmbito do marco legal brasileiro de c,t&i, observando os contextos dos ecossistemas de inovação
Estudar os processos e instrumentos de apoio à internacionalização de empresas spin-offs acadêmicas, oriundas de universidades e institutos de pesquisa empreendedores, no âmbito do marco legal brasileiro de C,T&I, observando os contextos dos ecossistemas de inovação envolvidos nas ações.
Gestão da Inovação na Saúde
Objetivo: O objetivo deste projeto de pesquisa foca justamente na questão do “como” inovar, ao desenvolver os principais conceitos relacionados à Gestão da Inovação - dos conceitos clássicos da economia até quadros conceituais e discussões recentes que orientam ações nas organizações de saúde. PROJETO MAIDAI Justificativa: A discussão da importância de gerir inovação parece estar consensuada e devidamente entendida na literatura das diferentes áreas de estudo. A questão que teóricos e práticos precisam aprimorar é o “como” inovar. Instituições que atuam na área da saúde necessitam, continuamente, melhorarem seus serviços, seus processos e suas estruturas organizacionais, de forma a serem capazes de se sustentar no ambiente em que se encontram inseridas, levando novidades em saúde, em ciclos cada vez mais curtos, aos usuários desses serviços. Resultados Esperados: Essa linha buscará desenvolver pesquisa a partir dos quadros conceituais de referência em gestão da inovação em saúde, desenvolvendo conhecimento nas discussões de concepção da estratégia de inovação que sustente mecanismos que promovam novidades em produtos, serviços, processos e modelos de negócios. Além disso, tais conhecimentos subsidiarão também a concepção de projetos e empreendimentos na área da saúde, base para condução de iniciativas oriundas da pesquisa básica para o mercado. Base Metodológica: A natureza da pesquisa em gestão de saúde exige uma forte interação entre a academia e os profissionais, tanto para a formulação das proposições de projeto, quanto para seu teste na prática. Da mesma forma em que as consideradas ‘ciências puras’ buscam padrões e leis que retratem a configuração do núcleo duro de determinado campo de conhecimento, as ‘ciências de design’ (design sciences) também buscam estabelecer normas ou padrões que explicam o comportamento das organizações. Assim, a base metodológica para este projeto de pesquisa é a design science, que busca garantir rigor no processo de geração de conhecimento a partir de resolução de problemas de natureza prática em projetos conduzidos na área da saúde.
Ecossistemas de Inovação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ e da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ: Um Estudo dos Atores e das Redes
Realizar um estudo dos atores e das redes que compõem os ecossistemas de inovação da UERJ e UFRJ, visando identificar as diferentes formas de interação, as infraestruturas de diversas naturezas e os resultados que impactam diretamente, tanto no processo de inovação, quanto nas soluções de problemas baseados no conhecimento. Especificamente o projeto tem como objetivos observar e registrar na UERJ e UFRJ: 1) os atores (capital humano e infraestrutura) e os recursos materiais dos ofertantes e demandantes de inovação, de diversas naturezas, que integram os ecossistemas de inovação; 2) as interações dos atores e as redes que integram os ecossistemas de inovação; 3) os resultados que impactam diretamente, tanto no processo de inovação, quanto nas soluções de problemas baseados no conhecimento.
Inovação e qualidade de vida no âmbito da Covid-19
Desenvolver pesquisas inovadoras com resultados de produtos, processos ou serviços que possam contribuir, em todas as áreas do conhecimento, para o aumento da qualidade de vida da sociedade, durante e após a pandemia do Covid -19.
Inovação e Tecnologia Social para Melhoria da Qualidade de Vida no Âmbito da Covid
O projeto visa desenvolver tecnologias sociais para melhoria da qualidade de vida de indivíduos ou grupo de indivíduos que se encontram em estado de vulnerabilidade social devido aos efeitos da pandemia causada pela Covid.
Inovação na Gestão Pública
Atualmente, muitos órgãos da administração pública adotam novas tecnologias de gestão, oferecem serviços originais ou otimizados, estabelecem estratégias e processos inovadores, implantam mudanças organizacionais, desenvolvem produtos que modificam o status da sociedade, estabelecem campanhas inovadoras de marketing, entre outros tipos de inovação. Essas ações modificam os modelos de gestão pública, o que pode gerar reais oportunidades de pesquisa para pesquisadores, técnicos e alunos. O objetivo desse projeto de pesquisa é identificar, estudar, analisar e propor soluções de inovação, caracterizadas por mudanças paradigmais na administração pública, com a inserção na sociedade de novos ou melhorados: produtos, processos, modelos organizacionais, serviços e campanhas de marketing. A temática da inovação na gestão pública tem, por característica, a predominância metodológica dos estudos de casos, onde são realizadas investigações sobre o estágio do desenvolvimento de atividades, bem como sobre os indicadores que possam ser usados no seu acompanhamento e controle. A relevância para a realização desse trabalho de pesquisa, de caráter multidisciplinar, se dá porque esses estudos caracterizam o contexto governamental das regiões estudadas e em alguns casos, há sucessos, enquanto em outros são mostrados conflitos e problemas, muitas vezes decorrentes da dificuldade de implementação das legislações vigentes, bem como, de discussões de caráter ideológico e cultural, que afetam a inserção de inovações no cotidiano das pessoas usuárias da administração pública. É importante ressaltar que estas opiniões divergentes são observadas tanto no contexto brasileiro quanto no internacional, em decorrência do entendimento múltiplo das mudanças na sociedade provenientes de inovações. Como resultado, espera-se contribuir no país e internacionalmente, para formação de recursos humanos; ampliar as publicações sobre o tema; identificar casos passíveis de serem multiplicados em diferentes localidades, por terem sido considerados como melhores práticas de gestão; explorar o potencial dos projetos de sucesso; gerar produtos tecnológicos inovadores; criar elementos que possam ser incorporados às políticas públicas; contribuir com o desenvolvimento científico, tecnológico, econômico, ambiental, social, entre outros, observando-se as diferentes regiões.
Identificar, validar e propor indicadores de C, T & I que definam o modelo de universidade empreendedora em universidades.
O tema universidades empreendedoras atualmente apresenta grande relevância no país, em função da promulgação das leis de inovação e dos planos de C,T&I, o que faz com que as instituições de produção do conhecimento passem a ser atores principais no desenvolvimento econômico e social das diversas regiões do Brasil. Além disso, a universidade empreendedora é um fenômeno global e o seu processo de desenvolvimento se originou a partir de diferentes pontos de partida e modos de expressão. Nesta perspectiva, o modelo da hélice tríplice considera a universidade empreendedora um espaço de consenso ao juntar forças com outras organizações que buscam a promoção do desenvolvimento econômico e social da região em que está inserida, em decorrência do seu papel de produtora de conhecimento e inovação na economia (ETZKOWITZ et al,2000). Assim, este projeto se justifica, porque as pesquisas realizadas no Brasil com a essa temática, têm predominância metodológica de estudos de casos, sem apresentarem indicadores que possam ser usados na avaliação da fase empreendedora na qual a universidade se encontra e serem incluídos nas políticas institucionais de C,T&I. O seu objetivo é identificar, validar e propor indicadores de C, T & I que definam o estágio de maturidade do modelo de universidade empreendedora em universidades brasileiras. Os objetos de estudo serão as universidades brasileiras participantes do Formulário para Informações sobre a Política de Propriedade Intelectual das Instituições Científicas e Tecnológicas do Brasil - FORMICT do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações ? MCTI,que apresentam os graus 5 e 4 no Índice Geral de Curso ? IGC do Ministério da Educação? MEC e elencadas em rankings nacionais e/ou internacionais que incluem a inovação na avaliação de desempenho. E a metodologia deste projeto de pesquisa consistirá de estudo quantitativo e qualitativo, realizado a partir de análise teórica, documental e de estudo de campo exploratório.
CONECTA U+: Uma Proposta de Infraestrutura para Gestão da Inovação em Prestação de Serviços no Âmbito do Programa de Mestrado e Doutorado Acadêmico para Inovação - MAI DAI.
Os objetivos são: 1) conectar atores do ecossistema de inovação da UERJ e de outras instituições parceiras, especialmente cientistas, para transferirem tecnologia da universidade para o mercado, oferecendo serviços de base científica, que utiliza método inovador em gestão da inovação tecnológica; 2) estruturar uma empresa spin off acadêmica empregando como modelo as atividades de pesquisa do LabEEL, que irá prover o serviço público e privado de saúde, com procedimentos clínicos inovadores, de alta tecnologia, onde será criado um banco de dados específicos, para futuras pesquisas acadêmicas, de desenvolvimento C,T&I, na área de neuromodulação e estimulação elétrica do sistema nervoso.
CARLYLE TADEU FALCAO DE OLIVEIRA
Laboratório de Gestão e Tecnologia Social
Este projeto de pesquisa e extensão universitária visa articular a Gestão Social com a Economia Solidária e as tecnologias sociais. São temas desenvolvidos neste projeto: gestão comunitária; autogestão e cooperativismo; tecnologias sociais e inovação social aplicadas à admininstração e contabilidade; governança pública; controle social da administração pública.
LEONEL TRACTENBERG
Sínteses qualitativas de pesquisas para embasar práticas e políticas baseadas em evidências na gestão pública
Sínteses de pesquisa constituem esforços sistemáticos de pesquisa bibliográfica com objetivo de identificação, organização, avaliação e integração de estudos sobre determinado tema ou área de conhecimento. Dentre os diversos tipos de síntese existentes, encontram-se as revisões sistemáticas, as meta-análises, as revisõe integrativas, as metassínteses e as revisões realistas. As sínteses de pesquisa vêm ganhando importância nas ciências sociais aplicadas, em grande parte devido à difusão do movimento de práticas e políticas baseadas em evidências. As práticas e políticas baseadas em evidências consistem em um esforço por fundamentar a tomada de decisões em informações científicas consolidadas e também por prestar contas aos agentes envolvidos (consumidores, clientes, usuários, público etc.) sobre as bases das decisões ou políticas implementadas. Contudo, a despeito desse crescimento, as sínteses têm privilegiado os estudos quantitativos, dando menos atenção às pesquisas qualitativas. Como resultado, os achados dos estudos qualitativos acabam ficando dispersos e, consequentemente, têm pouco impacto sobre as práticas e políticas (MATHEUS, 2009). Apesar das dificuldades de conduzir sínteses qualitativas, é preciso ponderar sobre consequências de não se sintetizar pesquisas qualitativas: a manutenção do isolamento e da falta de articulação entre os estudos, e entre teorias locais e teorias gerais; a realização desenecessária de estudos repetidos, que pouco agregam em termos de novos conhecimentos; a falta de clareza quanto à riqueza e diversidade dos fenômenos pesquisados; a falta de generalizações e de comparações entre casos (cross-case generalisations); e, como consequência, um impacto limitado sobre práticas e políticas de intervenção (SANDELOWSKI, 1997; SCRUGGS, 2007). Por sua vez, Pawson et al. (2004) afirmam que é problemático assumir que as abordagens quantitativas de síntese, como as meta-análises, sejam igualmente úteis para a compreensão de intervenções sociais de maior complexidade. Pawson (2004) argumenta que as meta-análises têm menor utilidade porque não trazem uma compreensão aprofundada sobre como os mecanismos subjacentes a essas intervenções se articulam em diferentes contextos, produzindo diferentes resultados. Além disso, argumenta que a prática da exclusão massiva de estudos, principalmente de natureza qualitativa, comum nas revisões sistemáticas e onipresente nas meta-análises, acaba por reduzir, ao invés de aumentar, a validade e generalizabilidade das conclusões. Neste sentido o presente projeto propõe o desenvolvimento e aplicação métodos qualitativos de síntese de pesquisas visando embasar práticas e políticas baseadas em evidências aplicáveis à gestão pública.
RENATA GEORGIA MOTTA KURTZ
LIPE - Laboratório de Inovação, Pesquisa e Ensino em Administração,Contabilidade e Empreendedorismo
Nos dias atuais, as mudanças no conceito e na prática do trabalho geram fatores que podem acentuar ainda mais as desigualdades entre as pessoas e as exigências de capacitação e formação continuada para a atividade profissional. Nesse contexto, este projeto pretende, de forma associada à pesquisa, atuar no desenvolvimento humano e profissional, com o objetivo de contribuir para a emancipação do sujeito para a vida e para o trabalho e para a redução das desigualdades sociais em longo prazo, capacitando os participantes (estudantes e profissionais) para a orientação empreendedora social, nas dimensões intrapessoal (autoconhecimento e autoconsciência, autogestão) e interpessoal (consciência social, habilidades de relacionamento como comunicação, empatia, negociação) para a tomada de decisão responsável que impacte positivamente pessoas, grupos, organizações e/ou a sociedade, em uma perspectiva sistêmica e interdependente. Interessa ao projeto, portanto, a transformação social, seja por meio de tecnologias sociais, inovação social, empreendedorismo, com base em fundamentos da gestão humanizada e de abordagens de trabalho são participativas, interativas e aplicadas em ambientes complexos e inovadores, como Design Thinking, Teoria U, Mindfulness, Comunicação Não-Violenta e metodologia LEGO® SERIOUS PLAY®. Como pressuposto, assume-se que extensão está associada à pesquisa, através da relação entre produção de conhecimento e aprendizagem para mudança e novas experiências. Dessa forma, o projeto tem caráter inter e multidisciplinar, podendo envolver: (i) âmbitos comportamentais, psicológicos, sociais, culturais e organizacionais; e (ii) as áreas saúde, educação, segurança, alimentação, meio ambiente, etc., sobretudo com os novos desafios a partir da pandemia de Covid-19. Pretende não só gerar eventos, cursos e ações extensionistas, mas também ser integrado ao ensino e à pesquisa, com reflexos na graduação e na pós-graduação, por meio do envolvimento de graduandos e mestrandos, e produção de dissertações e artigos científicos relacionados.
Indivíduo, Trabalho e Sociedade
A sociedade atual tem vivenciado crises mundiais, sociais, econômicas, ambientais, de ética, entre outras. Como consequência, estão por exemplo índices de desemprego crescentes, novas formas e relações de trabalho e pressão aos trabalhadores. Em paralelo, esse mesmo ambiente é caracterizado pela diversidade e necessidades de inclusão, inovação, conexões em rede, colaboração e aprendizado, o que implica em mudanças e demandas para trabalhadores e organizações, como competências humanas e sociais cada vez mais necessárias (envolvendo autogestão, motivação, identidade, relacionamento interpessoal, comunicação, entre outras). Isso impacta a carreira e o desenvolvimento profissional e, ao mesmo tempo, a saúde e a qualidade de vida das pessoas e o trabalho, com reflexos em problemas concretos também na sociedade. Este projeto de pesquisa pretende investigar os temas citados e fenômenos, impactos, dilemas e possibilidades da Gestão e da Controladoria buscando sempre que possível envolver as três dimensões (indivíduo, trabalho e sociedade). O projeto fomenta a pesquisa de temas como tecnologias sociais, a inovação social, empreendedorismo (sobretudo socioambiental), educação financeira, gestão de pessoas, gestão humanizada, gestão de recursos humanos e gestão inclusiva, bem como o ensino da administração e da contabilidade, por meio de abordagens participativas e de desenvolvimento humano, como a comunicação não-violenta e mindfulness. Como pressuposto, assume-se que pesquisa está associada à transformação social, através da relação entre produção de conhecimento e aprendizagem para mudança e novas experiências. Dessa forma, o projeto tem caráter inter e multidisciplinar, podendo envolver: (i) âmbitos comportamentais, psicológicos, sociais, culturais e organizacionais; e (ii) as áreas saúde, educação, segurança, alimentação, meio ambiente etc., sobretudo com os novos desafios a partir da pandemia de Covid-19.
TANIA MARIA DE OLIVEIRA ALMEIDA GOUVEIA
Abordagem Interpretativista em Administração e Contabilidade
Este projeto de pesquisa tem como objetivo investigar as relações sociais que se estabelecem no contexto da Administração e da Contabilidade à luz da abordagem interpretativista, como alternativa ao positivismo que, de modo geral, domina a produção de conhecimento de tais áreas. Em linha com Burrell e Morgan (2005), ao adotar a abordagem interpretativista buscamos compreender como o mundo social se manifesta, considerando que sua construção acontece em processo contínuo. Nesse sentido, procuramos gerar compreensão sobre os significados das ações humanas nos campos da Administração e da Contabilidade e, portanto, enfatizamos, como afirma Schwandt (2000), “a contribuição da subjetividade humana ao conhecimento, sem sacrificar o conhecimento objetivo”. Na busca por significados subjacentes à vida social, o interpretativismo mergulha na subjetividade do ator para compreender suas motivações, crenças e desejos, com a preocupação de entender o mundo social a partir de sua consciência individual. Equivale dizer que a teoria construída por meio do interpretativismo contempla o ponto de vista e as experiências subjetivas dos próprios atores que participam da ação (SCHWANDT, 2000; VERGARA E CALDAS, 2005). Boeira e Vieira (2010: 35) argumentam que a ciência social “só pode compreender realmente as relações sociais ao incorporar em seus enfoques analíticos o universo interior dos indivíduos – e, sobretudo, a dimensão do sentido que os mesmos conferem a suas ações”. Em termos metodológicos, Denzin e Lincoln (2011) asseguram que a abordagem qualitativa ganhou espaço e que, hoje, é ultrapassada, por exemplo, a discussão sobre a complementaridade e os antagonismos entre os paradigmas qualitativo e quantitativo. Os autores defendem que cada geração de pesquisadores deve imprimir sua marca epistemológica, metodológica e ética na direção de uma leitura crítica da realidade e que, nesta segunda década do século XXI, é momento de avançar, “de abrir novos espaços e explorar novos discursos”. A abordagem qualitativa busca compreender os significados que os sujeitos atribuem aos fenômenos e, para isso, procura entender o que eles pensam sobre suas próprias vidas, suas experiências e seus projetos, o que se coaduna a estudos com abordagem interpretativista. Tende a identificar o que não é aparente, tornando compreensível o dinamismo interno das situações e gerando compreensão sobre como os fenômenos se manifestam no cotidiano.